Fabrício J. Sutili
“Técnicas em que plantas, ou partes destas,
são usadas como material vivo de construção.
Sozinhas, ou combinadas com materiais inertes,
tais plantas devem proporcionar estabilidade
às áreas em tratamento”.
Esse é o conceito dado por Hugo Meinhard Schiechtl (1922–2002) pai da Engenharia Natural (também chamada de Bioengenharia de Solos). Nessas técnicas, não só, os materiais inertes como madeira, pedras, geotexteis e estruturas de metal e concreto, mas também a vegetação é entendida como componente construtivo; em obras que visam a perenização de cursos de água, estabilização de encostas e taludes, tratamento de voçorocas e, o controle da erosão do solo de modo geral.
Surgidas inicialmente, no âmbito fluvial, como medidas complementares aos métodos tradicionais de controle de torrentes, estas técnicas são conhecidas e utilizadas na Europa Central há décadas. Nos métodos tradicionais de engenharia, outrora lá empregados, as componentes ecológicas e estéticas foram em parte negligenciadas. Atualmente, estas técnicas apresentam-se na Europa como alternativa aos modelos tradicionais, pois além de trazerem solução aos problemas, quando corretamente empregadas, trazem vantagens estéticas e ecológicas.
Também aqui se apresentam como alternativa adequada na solução de uma série de problemas normalmente decorrentes do comportamento processual natural dos cursos de água, por vezes, agravados ou mesmo resultantes das ações antrópicas de ocupação. Bem como, se apresentam como alternativa na [re]estabilização de encostas ou prevenção de movimentos de massas.
Esses problemas que representam, tanto perdas econômicas como situações de risco, podem, com o devido conhecimento, serem mitigados ou mesmo em parte solucionados pela Engenharia Natural. Entretanto não só esses modelos de intervenção são, no sul do Brasil, pouco conhecidos, como carecesse de informações sobre as características técnicas da vegetação.